quinta-feira, 28 de junho de 2012

Risco químico nos alimentos: produção de dioxinas...como?

Dioxinas


As dioxinas são subprodutos não intencionais resultantes de processos industriais que envolvam cloro (ou derivados) e consequente combustão incompleta, em condições descontroladas de temperatura e presença de oxigénio. São várias as empresas responsáveis pela libertação ambiental de dioxinas, e consequente contaminação alimentar, das quais se destacam a indústria química que utilize produtos clorados, as indústrias metalúrgica e siderúrgica, as indústrias de produção e branqueamento de celulose e de papel. Também contribuem para a emissão destas substâncias químicas a incineração de resíduos sólidos urbanos e de resíduos hospitalares, a reciclagem de metais, os incêndios florestais, a combustão de biomassa e combustão de PVC (policloreto de vinilo). As dioxinas podem também formar-se com a combustão da madeira, por exemplo, nas lareiras domésticas e situações de toxicidade podem surgir quando a ventilação é deficiente.

Estas substâncias também podem ser produzidas naturalmente por fungos, como por exemplo o responsável pelo bolor branco da madeira. Estes bolores crescem na madeira em estado de decomposição formando colónias brancas, pequenos aglomerados brancos visíveis a olho nu.
As emissões industriais de dioxinas para o meio ambiente não apresentam apenas efeito local, podem ser transportadas a longas distâncias por correntes atmosféricas e, de forma menos importante, pelas correntes dos rios e dos mares. Consequentemente, as dioxinas estão presentes no meio ambiente de forma difusa pelo que a distância de uma população à fonte de poluição não constitui qualquer garantia de segurança. As dioxinas libertadas para o meio ambiente são destruídas muito lentamente pela luz solar. Estima-se que, mesmo que a produção cesse completamente, os níveis ambientais levarão anos para diminuir. Isto ocorre porque as dioxinas são persistentes, levam de anos a séculos para se degradarem e podem ser continuamente recicladas no meio ambiente.

Se o processo de incineração de resíduos ocorrer num incinerador, existe uma forte probabilidade de se formarem dioxinas e destas serem libertadas para o meio ambiente. No caso da incineração ocorrer no forno de uma cimenteira, as dioxinas serão incorporadas no cimento, existindo uma menor probabilidade de se libertarem para o ambiente.
A exposição às dioxinas pode ocorrer por via respiratória, oral e cutânea, então o ser humano está diariamente exposto através da ingestão de alimentos e água contaminados assim como por inalação de ar contaminado. Porém a exposição mais relevante provém da ingestão de alimentos, em particular da carne, peixes e laticínios.
Normalmente as quantidades de dioxinas ingeridas estão abaixo da quantidade máxima permitida, pelo que não se verifica perigo de toxicidade imediata. No entanto, a presença de pequenas quantidades de dioxinas nos alimentos pode conduzir a situações de exposição crónica, acarretando problemas no consumidor a longo prazo. Uma vez que não é fácil chegar a uma relação direta de causa e efeito, estas substâncias são identificadas de “perigos potenciais”.

Por outro lado, exposições agudas em seres humanos podem decorrer, por exemplo, de exposição acidental/ocupacional. A presença de dioxinas nos alimentos em quantidades anormalmente elevadas decorre de acidentes industriais, tal como sucedeu na contaminação do chocolate Belga no final da década de 90, na Bélgica, podendo estar na origem de exposições agudas por ingestão.
A toxicidade das dioxinas não depende apenas da estrutura molecular da dioxina, mas também do sexo e da idade do indivíduo afetado. Devido à sua elevada lipossolubilidade, ou seja incorporação em gordura, estes compostos tendem a acumular-se no tecido adiposo, ou seja, a sua fixação no organismo faz-se nos tecidos gordos e no leite materno, não sendo excretáveis através do suor ou de excrementos, razão pela qual se consideram bioacumuláveis. Uma vez que o Homem está localizado no topo da cadeia alimentar, sofrerá as maiores consequências de tal processo, assim com todos os efeitos decorrentes. Devem então ser tomadas as devidas precauções para evitar a sua entrada no organismo.

A toxicidade resultante da exposição a dioxinas poderá desencadear efeitos cancerígenos e ainda: efeitos crónicos nos sistemas imunitário, reprodutor e hormonal, bem como no crescimento e desenvolvimento dos seres vivos. Pode ainda provocar formas de acne dolorosas, doenças hepáticas e redução da líbido.
Estudos recentes mostram que as concentrações das dioxinas no tecido humano, na população de países industrializados, estão próximos dos níveis nos quais a toxicidade se pode manifestar.
A origem de muitas das crises associadas à contaminação de produtos alimentares com dioxinas tem como origem a pastagem de vacas em áreas próximas de fornos de combustão. As dioxinas contaminam as plantas quando estas entram em contacto com cinzas contaminadas. Quando uma vaca, ao pastar, ingere quantidades significativas de relva as dioxinas presentes são armazenadas na gordura do animal e são excretadas através do seu leite. O mesmo acontece nos humanos. As dioxinas entram no nosso corpo através dos alimentos e são armazenados nos tecidos adiposos onde permanecem por muito tempo. Tal como nas vacas, o leite materno é a via mais importante de excreção das dioxinas.

Praticamente toda a gordura animal contém pequenas quantidades de dioxinas, embora em quantidades reduzidas. As gorduras vegetais, em princípio, não têm afinidade para acumular dioxinas.
Assegurar que alimentos destinados a grupos vulneráveis, nomeadamente bebés e crianças, contenham níveis reduzidos de contaminantes é o objetivo da UE. Assim, os níveis permitidos de dioxinas e outros contaminantes em matérias-primas para produção de alimentos destinados a grupos vulneráveis estão descritos no Regulamento (CE) No. 1881/2006 de 19 Dezembro de 2006.
A dioxina é uma substância potencialmente perigosa, mas o seu efeito no corpo humano após a sua entrada não é previsível, a diversidade da dieta alimentar pode ser uma ferramenta importante para reduzir perigos inerentes à bioacumulação.

Autoria Equipa DOLCETA


 
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